Por Mateus Gusmão
Com o fim das eleições, em Volta Redonda, onde o atual prefeito Neto liquidou a fatura já no primeiro turno, com total facilidade, os políticos agora começam a correr atrás dos seus contadores para prestar contas de suas campanhas à Justiça Eleitoral. Eles têm que declarar quanto receberam de doações e, principalmente, como usaram o dinheiro na campanha. A conta tem que bater, sob risco de se tornarem inelegíveis para os próximos pleitos. 2026, por exemplo, está logo aí para justificar a importância de não dever nada oficialmente a ninguém. O prazo para que eles se livrem dos olhos e fiscais da lei termina no início de novembro. Mas o aQui aproveitou para fazer um levantamento junto ao Tribunal Superior Eleitoral para que todos possam ter uma ideia de quanto teria custado cada voto conquistado pelos candidatos ao Palácio 17 de Julho.
Eleito para seu sexto mandato como prefeito, Neto declarou que recebeu R$ 982 mil para fazer sua campanha eleitoral. Se gastou tudo na campanha para obter o apoio de 109.688 eleitores, pode-se concluir que cada voto custou cerca de R$ 8,95 a Neto. Do total arrecada- do pelo prefeito, a maior parte foi enviada pelo seu partido, o Progressistas (PP): R$ 850 mil. Tem mais. O empresário Rogé- rio Loureiro, assessor especial do Palácio 17 de Julho, também fez uma doação generosa de R$ 100 mil ao prefeito. Até o fechamen- to desta edição, Neto havia declarado ter gasto R$ 711 mil na campanha. Faltam, portanto, explicações para como gastou os R$ 271 mil restantes .
Já o empresário e milionário candidato do Novo, Mauro Campos, o Maurinho, recebeu bem menos: entraram R$ 408 mil nos cofres da sua campanha. Como obteve 20.386 votos, conclui-se que cada um custou R$ 20,01. Tem mais. Até o momento, Maurinho declarou que gastou R$ 100 mil. Portanto, terá de explicar como gastou os outros R$ 237 mil para atualizar sua prestação de contas até o prazo final imposto pela legislação eleitoral. Detalhando: Mauro recebeu R$ 158 mil do Novo, R$ 150 mil doados por Mauro de Oliveira Pereira, que é seu pai, e colocou, vejam só, R$ 100 mil de recursos próprios. Provou que não é mão de vaca como dizem.
Quem ficou em terceiro lugar na disputa para o Palácio 17 de Julho foi o petista professor Habibe. Ele recebeu, segundo sua prestação de contas, R$ 367.980,00. Ou seja, cada um dos seus votos custou cerca de R$ 43,30, já que contou com o apoio de apenas 8.493 volta- redondenses. A maior fonte de recurso de Habibe saiu dos cofres do PT, que transferiu R$ 350 mil para o candidato da cidade do aço. Habibe recebeu ainda do Psol, que compôs a chapa indicando a candidata a vice-prefeita Drica, R$ 17.980 para a campanha. Uma grana para um partido radical de esquerda, não é? Detalhe: Habibe é outro que terá que atualizar sua prestação de contas, já que até o momento só declarou ter gastado R$ 10 mil. Tá faltando explicar apenas onde gastou os outros R$ 357.980.
Já Arimathéa, candidato do PSB de Jari, que ficou em quarto lugar na corrida ao
Palácio 17 de Julho, declarou ter recebido R$ 141.456,92 de recursos para a campanha da qual era um azarão. Afinal, até alguns dos seus próprios companheiros de legenda, como Raone, saíram fazendo campanha contra ele. Mesmo assim, o ex-prefeito de Pinheiral obteve 7.598 votos. Ou seja, cada voto custou a ele R$ 18,61. Do total recebido, R$ 107 mil foram enviados pelo PSB; o restante foi doado por pessoas físicas. Bem mais comedidas. O engraçado é que Arimathéa diz ter gastado R$ 144.183,68, o que corresponde a um prejuízo contábil de R$ 2.726,76. Resumindo: perdeu a eleição e perdeu dinheiro.
O ex-prefeito Samuca Silva, que voltou a fracassar nas urnas, ficando em quinto na disputa eleitoral, até o momento diz ter recebido R$ 150 mil do PSDB para fazer campanha eleitoral. Como obteve apenas 3.535 votos, gastou R$ 42,43 por cada voto conquistado. O estranho é que Samuca ainda não atualizou sua prestação de contas junto à Justiça Eleitoral, já que não declarou ter gastado nenhum recurso financeiro.
Maicon Quintanilha, candi- dato do nanico PSTU, recebeu 343 votos nas urnas e declarou ter recebido R$ 18,3 mil do seu partido. Portanto, cada voto lhe custou R$ 53,35. Jamaica (que já foi Tigrão do Coração), do PCO, obteve 546 votos, mas não declarou ter recebido qualquer recurso para a campanha.
Furlani gastou R$ 23 por voto e venceu; Marcelo, R$ 30, e perdeu
O custo do voto (II)
Se, em Volta Redonda, Neto (PP) ganhou facilmente de todos os adversários, em Barra Mansa a situação foi diferente. Luiz Furlani, vereador e ex-secretário de Governo, venceu as eleições com uma diferença de cerca de 8 mil votos, ficando à frente do ex-deputado Marcelo Cabeleireiro (UB). O detalhe é que Marcelo gastou muito mais recursos por cada voto que recebeu, e mesmo assim perdeu. Furlani gastou menos e… venceu. E ambos foram bem aquinhoados.
O prefeito eleito recebeu do PL R$ 1.031.462,46. Como obteve 44.330 votos, cada voto lhe saiu por R$ 23,26. Furlani ainda precisará atualizar sua prestação de contas, já que declarou até o momento ter gastado menos do que arrecadou, R$ 863 mil. Falta prestar contas de cerca de R$ 168 mil.
Marcelo Cabeleireiro, por sua vez, candidato derrotado do União Brasil, recebeu no total a importância de R$ 1.099.500,00 para tentar vencer Furlani. Como obteve apoio de 36.600 eleitores, cada voto lhe custou a bagatela de R$ 30,00. A maior doação recebida por Cabeleireiro foi do União Brasil, que lhe enviou R$ 1.075.800,00. Marcelo também precisará atualizar seus gastos de campanha, já que até o momento disse ter gastado pouco mais de R$ 633 mil. Falta prestar contas de apenas R$ 466 mil.
Thiago Valério, terceiro na disputa pela sucessão de Rodrigo Drable, informou à Justiça Eleitoral que recebeu R$ 575 mil, sendo R$ 540 mil apenas do seu partido, o PDT. Como saiu das urnas com 10.127 votos, Valério gastou o montante de R$ 56,77 por voto. Tem mais. Além de fracassar nas urnas, Thiago também perdeu dinheiro, pois os custos da sua campanha estão maiores do que a arrecadação, já que o candidato informou ter contratado despesas de R$ 587 mil. O prejuízo teria sido de R$ 47 mil. E olha que ele disse ter recebido propostas financeiras de um adversário, a quem não deu nome, para desistir da campanha.
Candidato pelo Psol, o professor Petterson declarou ter recebido R$ 15.280,00 para investir na campanha, valor integralmente repassado pelo seu partido. O esquerdista teve 1.106 votos, tendo cada um, portanto, custado o valor de R$ 13,81. O professor também terá que atualizar sua prestação de contas, já que informou ter gastado apenas R$ 4.933,96 na campanha. Falta anexar despesas de R$ 10.346,40 para ficar quites com a justiça eleitoral e com os eleitores. Moral da história: até o dia 5 de novembro, os contadores dos candidatos a prefeito de Volta Redonda e Barra Mansa ainda terão muito trabalho para fechar os balanços dos seus clientes.