
Derrotada por Assunção (Paraguai), a candidatura conjunta de Rio e Niterói ao Pan 2031 deixou órfã a maior promessa de legado: a Linha 3 do metrô, ligação entre Rio, Niterói e São Gonçalo por baixo da Baía de Guanabara. A ideia é velha — debate desde 1968 —, mas ganhou fôlego durante a campanha do evento com o apoio dos prefeitos Eduardo Paes (PSD) e Rodrigo Neves (PDT) e o aval do governador Cláudio Castro (PL). As informações são do Tempo Real.
Sem os jogos, o clima mudou. A Prefeitura do Rio disse que a pauta deve ser tratada com o Governo do Estado e limitou-se a comentar outros projetos do dossiê. A Prefeitura de Niterói ainda não detalhou cronograma ou garantias para a Linha 3. Já o Governo do Estado afirma que a inclusão da obra na candidatura partiu de Niterói, mas reforça que a expansão metroviária segue como prioridade da Secretaria de Estado de Transporte (Setran), “independentemente” do resultado do Pan.
O prazo até 2031? Nada fechado. A Setran informou apenas que haverá R$ 20 milhões do Ministério das Cidades para estudos do trecho intermunicipal, dentro do Plano Diretor Metroviário (PDM). Na prancheta, a Linha 3 teria 28 km, 15 estações e capacidade para 650 mil usuários/dia, reduzindo viagens entre os municípios de 2 horas para 40 minutos.
O dossiê do Pan falava em outros legados ambiciosos. No Rio, a substituição do BRT por VLT em corredores como Transoeste e Transolímpica; em Niterói, um primeiro trecho do VLT (do Barreto ao Centro) e a requalificação do Caminho Niemeyer. Havia metas de ampliar coleta seletiva nas duas cidades e promessa de acelerar a despoluição da Baía de Guanabara.
Tinha também a revitalização da Leopoldina, no Centro, com uma nova Vila dos Atletas: 7 prédios de 18 andares, 1.500 unidades de 2 quartos e 532 de 3 quartos, para quase 11 mil pessoas. O investimento total da candidatura foi estimado em R$ 3,5 bilhões (público e privado), fora as grandes obras de infraestrutura.
O que segue de pé? Segundo a Prefeitura do Rio, os projetos de VLT para Transoeste e Transolímpica já eram anteriores à candidatura e continuam. Para coleta seletiva, valem as metas do Plano Estratégico 2025/2028. Sobre Vilas Olímpicas, três unidades estão em obra: Sepetiba, Rio das Pedras e Parque Oeste — esta última deve receber a piscina usada nos Jogos Rio 2016.
Na Leopoldina, a prefeitura diz que a CCPar toca as obras do prédio da estação, com entrega prevista até 2028. Para os demais 9 mil m² do entorno, há parceria com o BNDES para um masterplan; a execução deverá ficar com a iniciativa privada.