
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava incomunicável durante praticamente toda a megaoperação policial que atingiu os complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, e deixou mais de 60 mortos nesta terça-feira (28/10). As informações são de Igor Gadelha/Metrópoles.
Enquanto a ação mobilizava cerca de 2.500 agentes contra o Comando Vermelho, Lula viajava de Kuala Lumpur, na Malásia, para Brasília, a bordo de um KC-30 da Aeronáutica, um Airbus A330-200 utilizado em missões de longo alcance. Diferentemente do avião presidencial (VC-1, o “Aero Lula”), o KC-30 não possui sistema de internet nem telefone, o que deixou o presidente sem comunicação direta durante quase todo o trajeto.
O chefe do Palácio do Planalto optou pela aeronave por ela ter maior autonomia de voo, o que permitiu cruzar parte do globo com apenas uma escala em Joanesburgo, na África do Sul. Lula decolou de Kuala Lumpur na manhã de terça-feira (noite de segunda no Brasil) e tinha chegada prevista a Brasília por volta das 21h.
Com o presidente fora de contato, coube ao vice e presidente em exercício, Geraldo Alckmin, conduzir a reação política à crise, em articulação com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Pela manhã, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que o estado estava “sozinho” na operação e acusou o governo federal de negar apoio. Após a repercussão, Castro ligou para Gleisi Hoffmann e modulou o discurso. “Ele disse que não criticou o governo e explicou que esclareceu que o governo federal não participou (da operação) porque ele não pediu ajuda”, relatou a ministra.
A ausência de comunicação direta entre o Planalto e o Palácio Guanabara durante a operação ampliou as tensões políticas em torno da ação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.