12/09/2025 16:02

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Camelotagem chilena invade Copacabana, aumentando barulho e elevando a venda de bebidas alcóolicas

Imagem meramente ilustrativa / Google Maps

Historicamente eclético, o bairro de Copacabana às vezes padece diante da sua capacidade de receber o diferente. Há quatro meses, comerciantes e moradores do bairro da Zona Sul carioca reclamam da invasão chilena na camelotagem, tão combatida pelo poder público quando é considerada ilegal.

Na esquina da Avenida Atlântica com a Rua Xavier da Silveira, nas proximidades de um dos hotéis mais tradicionais da orla do Rio – o Othon Palace, o ritmo mais ouvido é o reggaeton, estilo musical com raízes latina e caribenhas. Quem executa os hits, em alto volume, é um carrinho de bebidas, no qual uma bandeira do Chile se destaca. No comércio sobre rodas, a bebida mais procurada pelos turistas é a michelada, resultado de uma mistura de cerveja com suco de limão e merkén, uma pimenta chilena.

A presença do carrinho chileno parece ser uma tendência que, para desespero de muitos, se consolida. Na busca por visitantes latinos, a Embratur lançou campanhas na região. Como consequência, turistas de vários países desembarcaram na cidade, entre os quais muitos chilenos, cuja presença no Rio avançou 30,97%, entre janeiro e agosto de 2025, diante o mesmo período de 2024, de acordo com a agência de turismo do Governo Federal. No ano passado, o Rio de Janeiro já havia recebido 299.467 chilenos, um salto de 39,02% em relação ao ano anterior.

A presença dos vizinhos do hemisfério sul é bem-vinda, mas a atuação ilegal no comércio de rua da cidade tem gerado inúmeros problemas, especialmente entre os legalizados que devem respeitar a lei do silêncio a partir das 22h. Por decreto municipal, deve-se respeitar o descanso dos demais, mas não é o que tem acontecido entre os ambulantes que empunham bandeiras chilenas. Quando o som nos quiosques é interrompido, carrinhos equipados com caixas de som se instalam nas ruas próximas aos prédios e fazem a festa a madrugada adentro, desrespeitando a norma municipal.

Segundo o jornal O Globo, entre os postos 4 e 5, atuam vendedores com cerca de 20 carrinhos, gerando um cenário de informalidade, onde atuam camelôs chilenos e brasileiros. Os ilegais faturam um bom dinheiro com a venda de bebidos alcoólicas, tendo na michelada chilena, como a grande estrela das madrugadas copacabanenses. A bebida chega a ser vendida por R$ 20 e até R$30. Mas não é a única atração etílica daquele país. O pisco também é muito apreciado pelos fregueses. A bebida é um destilado de uva que serve de base para o piscola – mistura com refrigerante de cola. A garrafa pode custar R$ 250, mas copos de 500ml e 700ml, saem por R$ 30 e R$ 60.

A reportagem do Globo presenciou a chegada dos primeiros carrinhos nas proximidades do Rio Othon Palace, por volta das 15h30; onde três vendedores já atuavam, com caixas de som e vendendo micheladas, piña colada, mojito, cuba libre, caipirinha, caipifruta, cerveja, e gim tônica, além de sucos, refrigerantes e água.

Responsável pelo carrinho “Drinks”, o cearense Márcio Santos estava na esquina da Avenida Atlântica com a Rua Xavier da Silveira. O camelô ilegal contou a O Globo que, para fugir da fiscalização, circula entre a orla e as ruas laterais. Na caixa de som do seu carrinho tocava reggaeton. Já o “El weon de las micheladas”, outro carrinho de bebida, estava na esquina da Atlântica com a Rua Miguel Lemos e tinha uma bandeira do Chile. O responsável pelo comércio ilegal tem até perfil no Instagram, onde evidencia que os chilenos são o público-alvo. Segundo o veículo, o camelô fala bem o português e interage com os clientes também em espanhol. Na Rua Djalma Ulrich, no lado da praia, o “Drinks do Donatello”, aparentemente de um brasileiro, vendia produtos semelhantes aos demais e usava equipamento de som.

Atuando no Posto 4 há quase 20 anos, vendedor legalizado Mário Norberto reclama da concorrência desleal: “Pagamos impostos, funcionários, aluguel, luz e água. Esses ambulantes ficam vendendo a michelada próximo dos quiosques. A fiscalização passa e eles saem correndo. A fila de turistas os acompanha. Nada acontece. Fica essa eterna briga de gato e rato”, disse ele ao vespertino carioca.

A figura do “turista-empreendedor”, visitante que aproveita a oportunidade para ganhar dinheiro para prolongar a permanência na cidade, tem incomodado a muitas pessoas. Entre elas, Marieta Dornellas, de 54 anos, dos quais 30 morando em Copacabana. Ela vê a atuação dos camelôs ilegais com indignação: “A prefeitura deveria cuidar mais do seu patrimônio. Não se pode fazer vista grossa para uma diversão que incomoda e atrapalha”, queixou-se a moradora de um apartamento na Avenida Atlântica ao periódico.

O “turista-empreendedor” atua nas ruas do bairro a partir de uma estratégia simples. Para aproveitar a diferença cambial, ele traz na sua mochila de viagem produtos para preparar as bebidas típicas do seu país. Caso do chileno Martín Sepúlveda, de 25 anos, que, para financiar a sua viagem com a namorada, vende micheladas e pisco sour na praia.

Mas os brasileiros também aproveitam a onda chilena, atraídos pelos ganhos gerados pela nova demanda. É o caso do cearense Francisco Josimar Freire, de 39 anos: “Eu já vendia bebida na orla. Mas um amigo chileno que mora no Rio me ensinou a fazer bebidas de seu país. A receita foi um sucesso”, contou ele ao jornal.

Os ganhos podem ser tão vantajosos que tem trabalhador formal que que cai na informalidade por causa do retorno financeiro, como Isaías dos Santos, de 23 anos, que trabalhava em uma lanchonete e agora atua no ramo, cujo lucro pode chegar a R$ 10 mil por mês: “Engana-se quem pensa que o nosso público são apenas os chilenos. Eles são a maioria. Mas, muitos turistas de outros lugares chegam aqui procurando as bebidas”, disse ele à reportagem.

A presença de camelôs ilegais nas ruas que seguem a tendência da michelada tem aumentado. E conta com a atuação de brasileiros. Mas os chilenas são maioria, como constata um turista chileno Josué Vásques, que está no Rio pela segunda vez. Segundo Vásquez, no ano passado, não havia tantos camelôs ilegais que falavam seu idioma: “Estou surpreso de ver tantos vendedores ofertando nossa michelada”, comentou ele, embalado por músicas de artistas do reggaeton, como Paloma Mami, Lunay e Cris Mj.

A Secretaria de Ordem Pública (Seop) e a Guarda Municipal (GM) foram procurados pelo jornal O Globo e disseram, por meio de nota, que fazem fiscalizações. Quanto ao aumento da venda de bebidas alcoólicas nas praias, os dois órgãos e o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa-Rio) adiantaram que vão intensificar as operações para identificar os vendedores, além de tomar as providências cabíveis.

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